sábado, 27 de junho de 2009

Monalisa dos anos 80


Essa imagem sempre me espanta, e é daquelas que não canso de olhar. Como uma Monalisa de nosso tempo – e porque é de nosso tempo, não é pintura, é fotografia.

Foi capa da revista National Geographic em 1984, e seu autor é o americano Steve McCurry. Ele pode até ter outras grandes fotos, mas certamente essa ficará como a mais marcante de seu trabalho.

Fruto da reprodutibilidade técnica, o retrato da afegã Sharbat Gula é agora também ilustração de uma tecnologia ultrapassada: a Kodak anunciou que está deixando de produzir o filme Kodachrome, após 74 anos. Apenas um pequeno laboratório, no estado americano do Kansas, revelará os rolos remanescentes até o final de 2010.

“O Kodachrome pertence a uma era em que só o tempo, a dedicação e a paciência produziam obras duráveis. Seu processo de revelação, caro e complexo, foi um obstáculo à sua popularização. O Kodachrome nunca foi revelado no Brasil. Era preciso despachá-lo para os EUA e sofrer duas semanas de agonia até receber as fotos”, escreveu Paulo Vitale para a Veja.

A fotografia digital que desbancou o filme em rolo pode provocar nostalgia em muita gente. Trata-se de um efeito conhecido, e assim expresso por McLuhan: “Toda tecnologia nova cria um ambiente que é logo considerado corrupto e degradante. Todavia o novo transforma seu predecessor em forma de arte”.

Um comentário:

  1. Estou escrevendo um artigo sobre o suposto "fim" da fotografia na era digital para o intercom desse ano, tendo como ponto de partida a obra de Rosangela Rennó, "A última foto".

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